Narrado por Maite
Depois do nosso pequeno embate, o silêncio entre nós voltou a ser desconfortável, pesado. Ele se jogou no sofá da sala, e eu permaneci na minha cama, cada um no seu canto, como dois estranhos forçados a dividir o mesmo teto.
Já era tarde da madrugada quando levantei para beber água. Ao passar pela sala, vi Lúcifer dormindo, jogado de qualquer jeito no sofá, que claramente era pequeno demais para o tamanho dele. Mesmo assim, ele dormia tranquilo. Parecia até em paz. Senti uma pontada de inveja. Eu não sabia mais o que era ter um sono desses. A minha mente nunca me dava trégua.
Voltei para o quarto, encarei minha mala encostada num canto e suspirei. Essa mala já conhecia mais endereços do que eu queria admitir. Acho que até ela está cansada de nunca ter um lar fixo. Comecei a organizá-la, não porque estava animada para ir ao morro dele, mas porque era o que restava fazer. Melhor ocupar a mente do que deixá-la me consumir.
Dobrei as roupas com cuidado, coloquei perfumes