Narrado por Lúcifer
Um silêncio fúnebre tomou conta da sala. O tipo de silêncio que pesa, que grita mais alto que qualquer barulho. Estávamos todos ali, paralisados, observando o corpo da Maitê inerte no chão, como se o tempo tivesse sido congelado, como se o mundo tivesse parado de girar naquele instante. A seringa vazia ainda rolava pelo chão, como uma lembrança suja do que tinha acabado de acontecer.
Minha respiração estava presa no peito, minha mente tentando processar se aquilo era real. Eu tinha feito tudo certo, tinha seguido cada orientação da doutora Marcela como se a vida da Maitê dependesse de cada milímetro daquela agulha. E de fato, dependia.
Foi quando, num milagre sussurrado pelos céus ou gritado pelo inferno, ela soltou um suspiro longo e rouco. Como se puxasse a vida de volta à força, como se lutasse contra a morte que já segurava sua mão. Seus olhos se abriram devagar, confusos, pesados. Um grito seco escapou dos seus lábios. Era dor. Era desespero. Era ela de volta.