Narrado por Maitê
Estava agarradinha no Fumaça, buscando um pouco de paz naquele caos que tem sido minha vida. Mas ele disse que precisava descer pra boca, e eu apenas assenti. No fundo, até agradeci pela solidão.
Aproveitei sua ausência para tomar um banho. Debaixo do chuveiro, como sempre, um filme passou na minha cabeça — cenas embaralhadas da minha infância, da morte do meu irmão, da dor constante da ausência de um pai, das mentiras que me cercam desde que voltei ao Brasil. Quanto mais eu penso, mais perguntas surgem. E dessa vez, uma ideia nasceu. Um plano. Incerto, arriscado, mas necessário.
Saí do banho, sequei o cabelo por alto, vesti um shorts jeans e uma camisa do Lorde — aquela da Lacoste, que ficou larguinha em mim — e fui até o quarto da Bruna. Bati na porta com um peso no peito.
De todas as pessoas ao meu redor hoje, talvez Bruna seja a única em quem ainda confio de verdade. Fumaça… já não sei. Às vezes ele parece leal a mim, mas em outras sinto que ainda responde ao Co