Narrado por Bruna
Continuo encarando Sombra enquanto me aproximo. Mas, antes que eu diga qualquer coisa, vejo uma mulher se aproximar dele. Ela sorri, e ele retribui. A visão me corta por dentro, como uma lâmina afiada de orgulho ferido. Ergo o queixo, passo direto por ele sem sequer olhá-lo, e vou até o barzinho.
Pego uma caipirinha — que, por sinal, está maravilhosa — e retorno para a pista com o copo na mão. No caminho de volta, passo novamente por Sombra, que dessa vez segura meu braço, fazendo-me parar.
— Passa por mim e nem cumprimenta mais? — ele pergunta, me encarando como se tivesse algum direito sobre mim.
— Olha pra você, Sombra… parece que já garantiu a primeira da noite. Não precisa fingir nada pra mim. — Respondo com firmeza, me desvencilhando da sua mão.
Ignoro o brilho de fúria que surge em seus olhos e sigo para a pista. A batida da música explode nas caixas de som — “solta o ponto do quadradinho, tremidinha…” — e eu me entrego de corpo e alma. Meus quadris se movem