Quando Gabriel e Mariana atravessaram as portas de vidro do centro de convenções, o ar quente da Chapada entrou como um vendaval entre eles.
O fim de tarde pintava o céu de laranja e, por alguns segundos, nenhum dos dois disse nada. Eles caminharam até o estacionamento lado a lado, mas não próximos.
Os dois estavam tensos. Os dois estavam prontos demais. Os dois estavam quebrados demais. Quando chegaram ao carro, Gabriel abriu a porta para ela, e dessa vez Mariana não recusou. Ele entrou do outro lado, respirou fundo e disse:
— Eu quero conversar com você direito. Sem interferências. Sem interrupções. Sem ninguém nos olhando. Podemos ir pro hotel?
A pergunta era simples, mas carregada de significado. Mariana hesitou — não por medo dele, mas por medo de si mesma. Ainda assim, respondeu quase num sussurro:
— Podemos.
Gabriel colocou o cinto, ligou o carro e começou a dirigir. O silêncio no veículo era espesso, cheio de memórias, cheiros antigos e toques fantasmas. Até que ele que