MIGUEL…
Acabamos de pousar em solo italiano. O relógio marcava pouco mais de oito da manhã. Havíamos deixado Nova York às seis horas da tarde do dia anterior, e o fuso horário fazia parecer que a viagem durara uma eternidade. O vôo foi longo e pesado, como se cada hora tivesse o dobro do tempo. Isabella chorou quase o trajeto inteiro, exausta, sem conseguir conter a dor que carregava no peito. Quando finalmente adormeceu, já era madrugada. Eu ajeitei o travesseiro e deixei que ela se deitasse sobre o meu colo. Ficou ali, pequena, vulnerável, respirando com dificuldade. Entre um soluço e outro, sua mão procurava a minha.
Passei o voo inteiro cuidando das duas. Ella e Lia. Lia tentava ser forte, mas eu via nos olhos dela o medo constante. Às vezes passava a mão na barriga, em um gesto instintivo de proteção ao bebê, e sorria para disfarçar a tensão. Ela não dizia nada, mas eu sabia que o coração dela estava apertado por ver a amiga naquela situação.
Assim que pousamos, o piloto abriu