O tempo parecia não passar para Elisa. O cativeiro cheirava a mofo, e o silêncio pesado só era quebrado pelo som distante de goteiras e pelo atrito metálico da porta sendo aberta e fechada. Cada batida de seu coração lembrava-lhe dos dois pequenos que carregava. Eles eram sua maior preocupação, mais do que as cordas que prendiam seus pulsos ou a escuridão que a cercava.
Naquela tarde, enquanto o homem encapuzado entrou para deixar uma bandeja com pão e água, Elisa ergueu a voz, quase suplicando:
Por favor… eu preciso saber se meu marido está bem… e meus filhos…
O sequestrador não a olhou diretamente. Apenas empurrou a bandeja em direção a ela e rosnou:
Come e fica quieta.
A porta já se fechava quando Elisa ouviu, através de um corredor estreito, vozes abafadas. Aproximou-se o máximo que pôde, os ouvidos atentos.
…a impiedosa não quer erros. ... uma voz masculina disse.
Já tá feito. O problema é que o marido tá se mexendo demais… respondeu outra.
O coração de Elisa congelou. A