Layla
A chuva batia nos vidros do ônibus como se o céu tivesse decidido rasgar a cidade em gotas afiadas. Eu poderia ter ido direto para casa, poderia ter fingido que não vi mensagens frias, poderia ter me escondido debaixo do cobertor e rezado para que a dúvida dormisse antes de mim. Mas não. Eu precisava ver Bart. Precisava confirmar com os próprios olhos que eu ainda não estava enlouquecendo.
Desci duas ruas antes do prédio onde ele trabalhava. Andei rápido, o guarda-chuva virando quase um inimigo contra o vento. O coração não obedecia, martelava contra o peito como se quisesse chegar antes de mim.
O prédio estava silencioso, iluminado apenas pela portaria. O segurança me reconheceu, abriu a porta sem questionar. Eu segui pelo corredor, respiração acelerada, tentando me convencer de que encontraria apenas papéis espalhados, Bart concentrado, talvez cansado demais para me ligar.
Mas quando abri a porta do escritório, o ar saiu do meu corpo.
Soraya estava sentada na mesa dele. Não na