Kaleo
Cafés pequenos sempre foram lugares que eu evitava. O cheiro doce demais, o barulho de gente com pressa fingindo ter tempo, o tilintar irritante das xícaras. Mas ela gostava. Então era ali que eu a encontrava, como se o mundo se divertisse em me obrigar a participar dos cenários dela.
Layla estava sozinha, os dedos brincando com a borda de uma xícara quase vazia. O olhar distante, mas alerta, ela sempre espera a minha sombra antes mesmo de eu chegar.
Aproximei-me. Ela me viu. Suspirou fundo, como quem invoca paciência.
— O que você está fazendo aqui? — perguntou, sem me dar direito a assento.
— Te poupando de uma vida inteira de ilusões. — Puxei a cadeira à frente dela e me sentei, sem pedir licença. Coloquei o celular sobre a mesa, deslizando a tela desbloqueada em direção a ela — Olhe.
Ela hesitou, mas olhou. Fotos. Bart em um hotel. Bart no estacionamento, abraçando Soraya. Bart em outro quarto, rindo com a filha do diretor da empresa. Provas claras.
Os olhos dela se arregala