A quarta-feira nasceu sob um céu pesado, como se a própria cidade tivesse decidido manter-se em suspensão, aguardando um desfecho. Isadora acordou cedo, antes mesmo do alarme, e sentiu o corpo leve de sono mal dormido, mas a mente clara. Era como se os últimos dias tivessem treinado seu espírito para viver em meio ao cerco, sem se perder nele.
Na padaria, Rafael já a esperava. O jornal em cima da mesa trazia a manchete que ele apontou sem uma palavra: “Perseguição e Poder: Caso de Jovem Livraria Ganha Espaço Nacional.” O artigo não vinha das colunas habituais, nem de jornalistas locais. Era de uma repórter de prestígio em um dos maiores veículos do país. A matéria narrava em detalhes a sequência de acontecimentos: o noivado rompido, a traição, as ameaças, os bilhetes, o processo, a vigilância. Pela primeira vez, o nome de Gabriel aparecia não como empresário bem-relacionado, mas como investigado informal de assédio moral e perseguição sistemática.
Isadora leu em silêncio. Cada linha p