O amanhecer chegou com um brilho limpo sobre as fachadas antigas, e Isadora sentiu no corpo o chamado de um dia que pedia lugar para nascer. A livraria despertava antes da rua: cadeiras encostadas nas paredes, mesas empurradas para o centro, uma jarra de café que o gerente encheu de propósito, como quem prepara não apenas uma reunião, mas um rito. O convite circulou de boca em boca durante a semana: “assembleia aberta para decidir o futuro do espaço”. Não havia pauta impressa, mas havia urgência mansinha nos olhos de todos — a vontade de transformar a vitória em obra, a coragem em rotina.
Rafael chegou com um projetor emprestado, fios enrolados como novelo. Cumprimentou Isadora com um toque demorado na mão, carregando no gesto a lembrança das noites atravessadas. A senhora do clube de leitura trouxe um tabuleiro de bolo de laranja. O padeiro apareceu com uma cesta de pães. O videomaker trouxe um HD e sussurrou: “Cópias novas, por via das dúvidas.” O porteiro da pensão entrou tímido, c