O domingo começou lento, com o silêncio da cidade quase preguiçoso. As ruas, ainda úmidas do sereno da madrugada, refletiam um brilho pálido de sol que parecia não ter pressa em aquecer. Isadora acordou antes que os sinos da igreja marcassem a primeira missa. Ficou sentada na beira da cama, os pés descalços tocando o piso frio, sentindo a estranha mistura de calma e de tensão que se tornara rotina.
Ela sabia que Gabriel não recuaria. A cada passo dela em direção à própria liberdade, ele surgia com novas armas — influências, advogados, jornalistas que vestiam máscaras de imparcialidade. Era como se cada tentativa dela de respirar fosse seguida por uma mão invisível tentando cobrir-lhe a boca.
Mas naquela manhã, em vez de medo, Isadora sentia uma serenidade diferente. Percebia que a guerra dele não era mais apenas contra ela, mas contra o próprio desgaste de suas máscaras. A cada vídeo que surgia, a cada olhar cúmplice de alguém que se solidarizava, Gabriel se via obrigado a inventar ve