A segunda-feira amanheceu cinza, como se até o céu tivesse compreendido que aquele dia não seria comum. Isadora despertou com o coração pesado, embora a rotina fosse a mesma: o café amargo da pensão, a pasta plástica sob o braço, a caminhada silenciosa até o ponto de encontro com Rafael. Dessa vez, no entanto, havia um destino diferente.
Não era a livraria, nem a feira cultural. Era o fórum.
Rafael a esperava no mesmo lugar de sempre, mas sem o sorriso de costume. O rosto dele era sério, a gravata escura bem ajustada, o olhar fixo nela como quem diz: eu vou segurar contigo o que vier.
— Pronta? — perguntou, mesmo sabendo que ninguém nunca está pronto para um tribunal.
Isadora respirou fundo. — Mais do que estive antes.
O carro seguiu pelas ruas ainda meio vazias, até que a fachada imponente do prédio do fórum surgiu diante deles, fria e sólida, como se tivesse sido construída para intimidar. O mármore refletia a luz sem cor do dia, e as colunas altas davam a sensação de que cada passo