O sábado chegou com o céu limpo, um contraste quase irônico depois da tensão da feira cultural. O episódio da noite anterior não saía da cabeça de Isadora, mas havia uma diferença fundamental: pela primeira vez, ela não se sentia como uma sombra na própria história. Havia enfrentado Gabriel de frente, diante de olhos atentos, e não sucumbira.
Logo cedo, o celular vibrou. Era Rafael, enviando o link de um canal comunitário do bairro. O jovem videomaker que se oferecera na feira já tinha subido um pequeno trecho bruto: a cena de Gabriel se aproximando, entregando o convite e a recusa firme de Isadora. Sem cortes, sem narração, apenas imagens.
A descrição era simples: “Registro integral do encontro na Feira Cultural. Para que os fatos falem por si.”
Nos comentários, as reações se multiplicavam:
— “A moça foi clara e educada, ele é que quis espetáculo.”
— “Já vi esse homem em outros eventos. Sempre a mesma pose.”
— “Boa postura da livraria, parabéns pela funcionária.”
Isadora leu tudo com