O verão cedeu espaço ao outono sem alarde, como se o tempo tivesse aprendido a caminhar de mansinho. As folhas começaram a cair devagar, colorindo o chão em tons de cobre e dourado. O rio mantinha o mesmo ritmo, e o vento que atravessava a varanda trazia o cheiro doce das frutas maduras. A vida seguia, mansa, com a naturalidade de quem já não precisava provar nada.
Isadora acordava sempre com o canto do galo, e o primeiro gesto do dia era abrir as janelas da sala. Gostava de observar a luz se infiltrando entre as árvores, o nascer do sol pintando as nuvens de rosa. O mundo parecia mais simples agora, quase essencial. Rafael já estava acordado, sentado à mesa com o jornal, uma xícara de café e o olhar tranquilo de quem finalmente encontrara o próprio lugar.
Ele escreveu muito naquele período. As crônicas que antes eram apenas fragmentos de cotidiano se transformaram em um livro. Um editor de uma cidade próxima o procurara depois da publicação sobre a Casa das Águas e sugerira reunir os