A quarta-feira amanheceu opaca, com um céu que prometia chuva sem pressa. Isadora saiu da pensão antes das oito, a pasta plástica dentro da bolsa, como se carregasse um escudo. Encontrou Rafael na esquina da padaria; ele tinha as mãos nos bolsos e um olhar que sempre parecia perguntar se ela estava bem, mesmo quando não dizia nada.
— Dormiu? — ele perguntou, enquanto atravessavam a faixa.
— Um pouco. — Ela deu de ombros. — Escrever ajuda. E saber que a gente já tem imagens, também.
— Hoje pego a cópia final da cafeteria — ele disse. — O dono separou dois recortes, um quando ele chega e outro quando ele fica na calçada olhando para dentro. Linha do tempo clara.
A livraria estava com as luzes ainda apagadas quando o gerente chegou. Ele abriu a porta, acenou, e não perdeu tempo.
— Isadora, preciso que venha à sala dos fundos por um minuto. — A voz dele tinha a secura da objetividade.
Sobre a mesa, dois envelopes timbrados. Um do condomínio do prédio: “comunicação de reclamações por barul