O som da parede se fechando atrás deles reverberou como um trovão abafado, lançando Elô e Miguel em uma escuridão que parecia não ter fim. O ar ali era pesado, cheirava a pedra úmida e a ferro velho. Elô sentiu o coração martelar no peito, como se quisesse escapar antes dela mesma.
— Miguel? — sussurrou, a voz engolida pelas trevas.
— Estou aqui — respondeu ele, acendendo a lanterna. A luz cortou a escuridão e revelou um corredor estreito, de pedra irregular, que parecia se estender muito além do que a estrutura da casa permitiria.
O caderno de Clara ainda estava contra o peito de Elô. Ela o abriu com as mãos trêmulas e folheou até encontrar a página seguinte marcada pela escrita desesperada.
"A casa não é feita só de cômodos. Entre as paredes existe um outro lugar. Um espaço que respira. Não se perca nele. Se ouvir vozes, corra. Elas não são o que parecem."
Elô leu em voz baixa, cada palavra ecoando entre as pedras, como se fosse repetida por uma presença invisível. Miguel aperto