As mãos de Elô tremiam ao segurar o diário. O couro da capa estava ressecado, com marcas do tempo, e cada folha parecia carregar o peso de segredos enterrados havia décadas.
Sentou-se no chão do quintal, sob o vento frio que varria a noite, e abriu a primeira página borrada.
"Querido diário, se um dia alguém ler estas palavras, é porque não consegui escapar dele. Não posso confiar em ninguém. Nem mesmo nela. Ela sabe demais."
Elô engoliu em seco. O “dele” não precisava de nome para se impor como uma sombra sobre as linhas. Mas o que mais lhe cortou o ar foi o “nela”.
Será que Clara falava da minha mãe?
Virou mais páginas com ansiedade.
"Ele me prometeu o mundo, mas tudo que me deu foi medo. Eu vi coisas que não deveria ter visto. Sei que ele é capaz de matar para manter a cidade sob seu domínio. E agora sei que ele não pretende me deixar ir embora."
A cada frase, o coração de Elô batia mais rápido.
Estava ali, em tinta desbotada, a prova de que Clara havia sido prisioneira de algo mui