A noite caiu lenta e sufocante, como se o próprio mundo tivesse prendido a respiração. O vento soprava pelas frestas da casa abandonada onde haviam se refugiado, carregando um sussurro constante que parecia não vir de fora, mas de dentro das paredes.
Elô estava sentada em um colchão gasto no canto do quarto. Clara dormia profundamente ao seu lado, exausta, com a respiração pesada e o rosto ainda manchado de lágrimas. Miguel se mantinha acordado, encostado à porta, como um sentinela improvisado. Mas era claro que o cansaço pesava sobre seus ombros.
Elô não conseguia fechar os olhos. O braço latejava com uma dor quente e fria ao mesmo tempo, uma sensação que se espalhava pelas veias, como se algo estivesse caminhando sob sua pele. Cada vez que olhava para a marca, via as rachaduras escuras se moverem de maneira quase imperceptível, como se estivessem crescendo, se expandindo lentamente.
Ela esfregou os olhos, tentando afastar o peso do cansaço, mas foi então que ouviu.
— Elô...
A voz er