A sala ficou em silêncio depois da confissão de Clarence. Era como se o tempo tivesse parado. O olhar da terapeuta suavizou ainda mais, mas sua voz adquiriu um tom firme, cheio de direção:
— Clarence, esse é o primeiro passo: nomear um desejo reprimido. A escrita sempre esteve em você, mas foi abafada, primeiro pelo seu pai, depois pelo seu marido. Agora, precisamos transformar esse desejo em ferramenta de cura.Ela se ajeitou na poltrona, cruzou as mãos sobre o colo e explicou:— Vou lhe propor um caminho que não será fácil, nem rápido. O cérebro humano cria hábitos, repetições que se tornam vícios emocionais. A senhora passou quase quarenta anos obedecendo, calando-se, anulando-se. Não será da noite para o dia que conseguirá levantar a cabeça e se sentir livre. Mas existe sim um caminho.Clarence ergueu os olhos, curiosa e assustada ao mesmo tempo. Adam, calado, parecia ansioso por ouvir.— O que faremos é um processo em fases, — contin