Clarence entrou na sala de terapia devagar, quase como se seus passos pedissem desculpa por ocupar aquele espaço. Estava impecavelmente vestida, como sempre: blazer azul-marinho, saia abaixo dos joelhos, cabelos cuidadosamente presos em um coque. Tudo nela gritava disciplina, mas também denunciava ausência de cor, de vida, de espontaneidade.
Adam caminhava logo atrás, com expressão séria, diferente do homem confiante e até arrogante que costumava ser nos corredores da empresa. Havia nos olhos dele um peso que não era comum, uma sombra que o fazia parecer um menino grande, prestes a confessar um segredo.
A terapeuta levantou-se da poltrona, uma senhora de cabelos grisalhos, óculos de aro fino e olhar acolhedor. Cumprimentou os dois com um sorriso discreto e convidou-os a se sentarem.
— Fiquem à vontade. — apontou para as poltronas à frente. — Este é um espaço seguro. Tudo o que for dito aqui permanecerá aqui.
Clarence sentou-se com rigide