O relógio marcava quase meia-noite quando Camila finalmente fechou a porta do pequeno apartamento que servia de refúgio temporário em Zurique. O peso das horas não passadas dormindo e das descobertas recentes fazia seus ombros doerem. Ela estava exausta, mas não podia se permitir fraquejar. Não agora. Muito menos quando a verdade estava tão perto.
Sentou-se na poltrona de couro com o diário vermelho em mãos, as páginas gastas agora pareciam ainda mais preciosas. Cada palavra escrita por Letícia era um eco de um passado que Camila tentava desesperadamente entender — uma sombra que ameaçava engolir seu presente, e quem sabe, seu futuro.
Pensou em Leonardo. No calor do abraço dele, na promessa silenciosa de que estaria ao seu lado mesmo diante do caos. Era uma âncora em meio à tempestade, embora ele próprio carregasse seus próprios fantasmas.
Mas havia outra presença que inquietava sua mente: Rodrigo Alencar Monteiro. O pai desconhecido, o inimigo invisível, a peça-chave de um jogo