17. A CONVERSA COM ROBERTO
Deise caminhava devagar pela lateral da casa, os passos lentos denunciavam seu cansaço e na tentativa de evitar qualquer barulho. A manhã ainda estava começando, o céu apresentava tons suaves de azul e dourado, mas dentro dela um leve nervosismo despertava conforme se aproximava da porta da cozinha. Assim que empurrou a porta de madeira, deu de cara com Maria, que já movimentava panelas e organizava a louça sobre o balcão, como de costume.
— Bom dia, Maria — disse Deise com a voz ainda sonolenta, tentando soar natural, mas notando o olhar curioso e discreto da governanta. — Já está de pé tão cedo?
Maria, que sempre fora observadora e cuidadosa com as palavras, parou por um instante, segurando uma xícara entre os dedos, e respondeu num sussurro contido:
— Bom dia, senhora... O senhor Roberto chegou ontem à noite. — Fez uma breve pausa, inclinando-se um pouco mais na direção dela. — E você sabe como ele é. Quer tudo em ordem, desde a primeira luz do dia.
O coração de Deise pareceu dar u