29. A QUEDA DO PREDADOR

O relógio já passava das 23h. À noite, embora bela do lado de fora, escondia por trás de sua quietude um silêncio sombrio que se estendia pelos corredores da casa de campo dos Duarte.

Lucas entrou no quarto onde Deise repousava, aparentemente adormecida. Seus passos eram lentos, calculados. Os olhos, carregados de uma euforia doentia, passeavam pelo corpo da mulher que, para ele, representava muito mais do que desejo — representava posse, domínio, ego ferido. Ele se aproximou da cama como um predador se aproxima da presa indefesa.

— Ah, Deise... como desejei esse momento — murmurou, mais para si do que para ela.

Com mãos lentas, quase cerimoniosas, desabotoou a camisa, tirando-a devagar, como se a cena tivesse que ser perfeita em cada detalhe. Em seguida, despiu-se da calça e ficou apenas de cueca. Subiu na cama com um meio sorriso vitorioso, acreditando que tudo estava sob controle.

Ela respirava com dificuldade, imóvel, os olhos semiabertos, revelando um torpor inexplicável. Lucas a
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