POV CATARINA

Acho que, em algum momento, ele escutou meus passos, pois parou seus movimentos. Ainda de costas pra mim, ouvi José tossir de maneira forçada.

Ele me olhou por cima dos ombros e, em seguida, voltou a fazer o que estava fazendo: descascando uma laranja.

Confesso que fiquei extremamente irritada. Eu não tinha feito absolutamente nada de errado. Claro, José Eduardo podia pensar o que quisesse, mas se não me desse a chance de me explicar, ele ficaria sozinho com suas próprias indagações, se consumindo por dentro.

Euzinha??? Eu não vou correr atrás de macho algum.

— Sua roupa... — disse ele ainda de costas.

Eu estava prestes a abrir a geladeira para pegar a jarra com água.

— Tá falando comigo? — tentei esconder o tom de ironia, mas falhei.

— Tem mais alguém por aqui?

Nesse momento, José finalmente virou-se para mim.

Me deparei com seu tórax nu, os músculos dos braços desenhados, salientes sob a pele. E, pra piorar, ele chupava uma laranja com uma calma irritante.

— José, se fo