POV NATÁLIA
Eu estava sentada de frente para o seu Nestor no imenso e antiquado escritório dele. Sempre que entrava ali, sentia uma euforia — imaginando que, quando aquele matusalém finalmente batesse as botas, eu transformaria tudo em um lindo closet chiquérrimo.
— Natália, você percebeu o transtorno que causou?
Eu precisava fingir arrependimento. Péssimo!
— Sim, seu Nestor. Eu fui muito inconsequente.
— Ainda bem que sabe. Eu gosto muito da sua família e prezo por você também. Afinal, a conheço há muito tempo.
Assenti.
— Obrigada.
— Assim que tudo isso passar, você também irá pedir desculpas à Catarina.
— Desculpas??? — me alterei. — Digo… mas tem necessidade? — ri sem graça, tentando conter meu descontrole.
— Ora, todos iremos nos desculpar com ela. Sem exceções.
Engoli meu orgulho e sorri da maneira mais falsa que consegui.
— Claro, seu Nestor. Pedirei… desculpas. À Catarina. Pobrezinha, não merecia isso tudo, né?
— Não mesmo. Enfim, é só por esta tarde. Pode ir.
— Sim, obrigada.