POV NATHALIA

A noite parecia interminável. O anel de noivado brilhava na minha mão como uma corrente dourada, pesada demais para o dedo, como se não fosse um presente, mas um grilhão. A festa dos Andrades tinha terminado em aplausos, brindes e promessas de colunas sociais, flashes, elogios falsos. Mas eu sabia: o verdadeiro espetáculo estava prestes a começar.

O corredor de serviço ainda cheirava a fritura, suor e perfume barato quando os seguranças abriram a bolsa da Rosinha. E então, o som. O som metálico da pulseira de ouro da minha mãe caindo no chão. Um barulho pequeno para o mundo, mas que ecoou no salão como uma explosão. O ouro bateu contra o piso e eu senti um arrepio percorrer minha espinha.

— Isso não é meu! — Rosinha gritou, a voz estridente, os olhos arregalados. O batom vermelho já borrava nos cantos da boca. — Estão me armando!

O supervisor a olhou como se já soubesse, como se tivesse esperado por aquilo. Alguns empregados levaram a