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POV AURORA.

O tempo havia perdido o contorno. Dias e noites se misturavam em um mesmo véu cinzento, como se o mundo tivesse esquecido de existir lá fora. Eu sentia, não, eu sabia que algo dentro de mim estava se rompendo, mas também... nascendo.

Era como arder por dentro e congelar ao mesmo tempo.

Em meu quarto só existia silêncio. O único som que quebrava a imensidão das horas era o do fogo crepitando na lareira, e às vezes, os passos de Valentin.

Ele vinha e ia como um fantasma — às vezes trazendo água, às vezes um caldo quente. Não falava muito, apenas me olhava com aquele semblante que misturava arrependimento e proteção. E eu não sabia como me sentir sobre isso.

Meu corpo ainda queimava. Às vezes, no meio da madrugada, eu acordava coberta de suor, o peito arfando, o coração batendo tão rápido que parecia querer rasgar a pele. Outras vezes, o frio me consumia, e eu tremia até os ossos, como se algo tentasse sair de dentro de mim.

E era nesses momentos — entre febre e calafri
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