Mundo de ficçãoIniciar sessãoSinopse Desejos Proibidos — Um amor além do tempo é uma história intensa sobre coragem, identidade e a busca pela liberdade de amar. Simon e Noah se conhecem ainda adolescentes, e logo constroem uma amizade profunda, marcada por cumplicidade e segredos. Simon, que convive com um distúrbio hormonal raro, encontra em Noah não apenas acolhimento, mas também o primeiro amor — um sentimento que desafia padrões, preconceitos e o próprio medo de ser quem é. Ao longo dos anos, os dois enfrentam uma série de obstáculos: a rejeição familiar, a manipulação, chantagens, ameaças e a pressão de uma sociedade que insiste em ditar regras para o amor. Separados à força por interesses e orgulho, Simon e Noah trilham caminhos dolorosos, mas nunca deixam de lutar por sua verdade. Entre idas e vindas, reencontros e despedidas, eles precisam decidir se vale a pena desafiar tudo e todos para viver um sentimento que nunca morreu. Em meio a batalhas judiciais, escândalos públicos, falsas acusações e a manipulação de quem deveria protegê-los, Simon e Noah descobrem que resistir é também construir. Com o apoio de amigos, aliados improváveis e a força de um amor que se recusa a ser apagado, eles transformam dor em projeto, preconceito em acolhimento, e escrevem juntos uma nova história — não só para eles, mas para todos que ousam amar sem medo. Desejos Proibidos é mais do que um romance: é um manifesto sobre essência, liberdade e a coragem de quebrar ciclos. Uma leitura emocionante para quem acredita que o amor verdadeiro resiste ao tempo, supera barreiras e inspira coragem para ser quem se é.
Ler maisNOAH BENSON
Simon chegou na escola nova numa terça-feira de sol calado. Ainda no fundamental, com a mochila maior que ele e os olhos perdidos entre corredores desconhecidos. Noah o viu de longe, sentado sozinho no banco perto da quadra, desenhando no caderno enquanto o recreio acontecia em volta dele como um ruído abafado. Havia algo em Simon que não tentava agradar, e isso intrigou Noah mais do que qualquer coisa. —Legal esse dragão — foi a primeira coisa que disse. Simon olhou surpreso, depois sorriu. —É um basilisco — Foi assim. Uma frase, um sorriso, e a amizade nasceu sem cerimônia — como nascem as amizades que duram. Os anos passaram com videogames, desenhos compartilhados, tardes na casa da avó de Noah e uma cumplicidade silenciosa. Eles sabiam o que o outro estava sentindo mesmo sem falar. Mas o ensino médio trouxe mudanças: novos corpos, novos medos, novas verdades difíceis de esconder. Simon começou a evitar certas atividades — educação física, por exemplo. Usava moletons largos, mesmo no calor. Noah percebeu, mas respeitou o silêncio do amigo. Até aquela noite em que foram dormir na casa de Noah, e Simon teve febre. Estava envergonhado, com o rosto úmido de dor e vergonha. Noah — Simon, você está bem? — Pergunto, minha voz carregada de preocupação. — Vai dormir, Noah. Eu estou bem... uhmmm. Seu tom soa arrastado, e uma expressão de desconforto cruza seu rosto. Franzo a testa, inquieto. — Cara, por que está gemendo? Está sentindo dor? Você está suando pra caramba. Movo-me rapidamente e coloco a mão em sua testa. O calor intenso me faz recuar ligeiramente. — Simon, você não está bem porra nenhuma. Você está ardendo em febre! Vou ter que chamar a mamãe... Dou um passo para trás, decidido a buscar ajuda, mas antes que eu possa me afastar, sinto sua mão agarrar firmemente meu braço, impedindo-me de levantar-se. Seus olhos estão semicerrados, e sua respiração irregular. — Não, Noah… eu… eu vou ficar bem. Assim que amanhecer, eu vou pra casa e resolvo isso... uhmmm. Seus dedos apertam meu braço por um instante antes de afrouxarem, como se toda sua força estivesse se esvaindo. — Cara, deixa eu chamar minha mãe, ela pode ajudar. Sei lá, te dar um remédio, fazer alguma coisa. — Minha voz carrega preocupação enquanto observo seu rosto suado e tenso. Simon balança a cabeça lentamente, seu olhar perdido no teto. — Não... uhmm... ela não poderá fazer nada. Eu já estou acostumado. Vai dormir, eu aguento até de manhã… Passo uma mão pelos cabelos, frustrado. — Eu não vou conseguir dormir com você assim, Simon... deixa eu te ajudar. Me diz o que você tem. Ele desvia o olhar, cerrando os lábios por um instante. — Você não vai entender… me deixa quieto. Minha inquietação aumenta. Hesito por um instante e, então, estendo a mão, pousando-a sobre seu peito, na região do tórax, tentando entender se há algum ferimento. Assim que meus dedos tocam sua pele, ele solta um gemido alto e seu corpo enrijece. Minha expressão se contorce em preocupação imediata. — O que você tem aí, cara? Tem algum machucado? Levou alguma pancada? — Para de fazer perguntas, Noah. Vai dormir e me deixa quieto. — Sua voz soa tensa, irritada, mas há um peso nela que me faz hesitar. Meu peito aperta. — Me deixa ver, Simon. Me deixa te ajudar. Você está me deixando nervoso. Ele vira o rosto para o lado, evitando meu olhar. Seus ombros tremem ligeiramente. — Você não vai entender... — Sua voz vacila, e então ele começa a chorar. — Ninguém entende. Você também não vai querer ser mais meu amigo. Eu sou uma aberração, cara. Minha garganta seca. Meu coração b**e forte. O que pode ser? O que ele tem que o deixa assim? Me inclino um pouco mais para perto, minha expressão firme, mas suave. — Você é o meu melhor amigo, Simon. Confie em mim. Me deixa te ajudar. Simon veste um moletom com zíper na frente. De repente, me dou conta de que, desde que nos conhecemos, nunca o vi sem camisa. Ele está sempre coberto, seja com camisetas largas ou com aquele moletom que parece uma espécie de escudo. Além disso, usa uma faixa cobrindo a região dos seios. Meu olhar se detém nesse detalhe, algo que nunca questionei antes. Seu corpo é um pouco mais cheio que o meu—não exatamente acima do peso, mas longe da definição atlética da maioria dos caras da escola com quem andamos. Sempre achei que ele não tirava a camisa por vergonha, por não querer expor um corpo que não se encaixava nos padrões. Mas agora, algo me diz que há mais do que isso. E Ele continua gemendo e respirando com intensidade. O suor escorre por sua testa, sua expressão uma mistura de dor e angústia. Minha inquietação cresce. Tento abrir seu moletom para entender o que há de errado, mas ele reage imediatamente, segurando meu pulso com força. — Não! — Sua voz sai trêmula, quase um grito. Mas eu insisto. Tento novamente, minha determinação se sobrepondo à resistência dele. Com um movimento mais firme, consigo abrir o zíper—e então congelo, meu coração disparando com o choque do que vejo. — Cara… o que está acontecendo? O que é isso? — Minha voz sai alarmada, quase vacilante. Os seios dele são maiores do que o normal para um homem, os bicos bem pontudos, a pele avermelhada, tensa. Há algo visceral na cena, algo que eu não consigo compreender de imediato. Ele se encolhe, as lágrimas escorrendo pelo rosto. — Me deixa em paz, Noah… — A dor em sua voz é cortante, quase insuportável. Mas eu não consigo recuar. Meu peito aperta com a necessidade de entender. — Só me explica… para eu poder te ajudar, Simon. — Insisto, minha mão ainda pairando próxima ao tecido aberto. — Eu já falei que ninguém entende… — Ele chora, sua voz embargada de frustração e desespero. — Eu nasci com um distúrbio hormonal. E… meus seios produzem leite… Ele desvia o olhar, como se as palavras fossem difíceis demais de pronunciar. — Isso ocorre devido a um fenômeno chamado galactorreia, que é a secreção de leite sem relação com gravidez ou lactação. É um caso raro em homens, mas acontece… e eu fui um dos sorteados pelo destino. Seu tom vacila, como se a revelação trouxesse alívio e, ao mesmo tempo, um peso imensurável. Minha mente trabalha rápido, tentando processar o que ele acaba de dizer. — Você produz leite? — Murmuro, quase para mim mesmo. E então tudo começa a fazer sentido—o inchaço, os bicos protuberantes, a tensão na pele.Era manhã em São Paulo. O céu nublado, o ar úmido, o silêncio confortável. Simon preparava café. Noah trocava Eduardo, agora com seis meses e olhos atentos. A casa estava cheia de vida. Era um lar feliz e cheio de cor e amor. Romeu Santana havia assumido a Benson & Co. A fusão com a Vértice avançava com ética e transparência e nome Benson, antes sinônimo de poder e silêncio, agora era símbolo de reparação. Simon e Noah se dedicavam integralmente à Axis & Co. e ao Projeto Essência e Liberdade. A sede em São Paulo funcionava como centro estratégico. Unidades em Natal, Recife, Lisboa, Buenos Aires e Luanda já estavam em operação. Naquela manhã, Simon sentou-se à mesa com um caderno onde escrevia as ideias que surgia ao longo do dia. Noah se aproximou. — Está escrevendo o quê? — Os últimos acontecimentos do projeto para o documentário. — Devíamos escrever a nossa história — sugeriu. — É uma boa ideia. — Ele assentiu, rindo — O mundo precisa saber em como transformamos nossa dor em
A rotina ficou mais intensa após o julgamento. Livres dos problemas e da pressão que antecedeu aqueles dias, agora Noah, Simon e sua equipe podia se concentrar na expansão da Essência e Liberdade. O mapa estava sobre a mesa. Mariana marcava os próximos destinos: Bogotá, Toronto, Luanda. Enquanto Simon revisava os relatórios. Noah organizava os arquivos de comunicação e Romeu falava com os coordenadores jurídicos. A Essência e Liberdade havia se tornado uma rede, não apenas de acolhimento. Mas de articulação política. — Estamos em dez países diferentes— disse Mariana. — E com potencial para dobrar isso nos próximos dois anos. Simon olhou para Noah. — A gente precisa crescer, mas temos que nos preocuparmos para que esse crescimento não seja desordenado. Romeu entrou na sala com um envelope na mão. — Temos algo importante para resolvermos. É sobre o bebê da Noely — disse. — A família materna não quer assumir. Estão pedindo que a guarda seja transferida para você, Noah. Simon fic
O tribunal estava lotado. Havia jornalistas, ativistas, advogados e muitos curiosos. Mas o que se julgava ali não era apenas um crime. Era um legado construído sob o preconceito e a arrogância. Charles Benson, ex-presidente da Benson & Co., estava sentado diante do juiz. Cabeça baixa, olhando para o chão. O rosto envelhecido, ninguém estava ali por ele. Não havia nenhum aliado. Romeu entrou na sala em cadeira de rodas. Simon e Noah o acompanharam. Linda Benson estava presente, mas não como testemunha. Sentou-se discretamente na última fileira, estava ali apenas como uma mãe apoiando um filho. O promotor iniciou a sessão. — O réu é acusado de tentativa de homicídio, formação de quadrilha e obstrução de justiça. A vítima, Sr. Romeu Santana, sofreu um ataque brutal no estacionamento da Benson & Co. E as provas indicam que o mandante foi Charles Benson. Romeu prestou depoimento em tudo o que foi dito. Estava firme e esperançoso de a justiça seria feita. — Eu fui atacado por tentar p
O quarto do hospital estava em silêncio. Romeu respirava com ajuda de aparelhos. O corpo ainda imóvel. Mas os sinais vitais estavam estáveis. Simon o visitava todos os dias. Noah também fazia isso sempre que podia. Às vezes, sentia-se culpado pelo que aconteceu com ele. Linda havia enviado flores. E Mariana cuidava dos boletins médicos e da segurança. O ataque havia acontecido meses antes, no estacionamento da Benson & Co. Romeu saía de uma reunião quando foi abordado por dois homens encapuzados. A pancada na cabeça foi precisa e violenta. Passou por duas cirurgias delicadas e ainda estava em coma. A polícia investigava. Mas sem pistas concretas até aquele momento. Nós tínhamos suspeitas, mas sem provas concretas, não foi possível avançar. Até que Mariana recebeu uma denúncia anônima. Um ex-funcionário da segurança interna da Benson & Co. Que nos enviou documentos, e-mails e gravações. — Foi Charles Benson — disse o homem. — Ele mandou silenciar o Romeu. Achava que ele uma ameaça
O prédio era simples. Três andares, fachada neutra, janelas largas. Mas por dentro, tudo pulsava. Cada parede carregava um significado, cada espaço tinha um propósito. A primeira unidade internacional do projeto Essência e Liberdade havia sido inaugurada em Lisboa. Não por acaso: Portugal era ponte entre continentes, entre histórias, entre línguas. Um lugar onde passado e futuro se encontrava. Simon caminhava pelos corredores com os olhos atentos. Cada sala tinha um nome: Escuta, Acolhimento, Recomeço. Nada foi escolhido ao acaso. Cada palavra representava um passo na jornada de quem chegava ali. Ele lembrava das conversas intermináveis com Noah sobre como seria esse espaço. Queriam que fosse mais que um prédio. Queriam que fosse um abraço. Noah vinha logo atrás, conversando com os voluntários que organizavam os últimos detalhes da coletiva. A imprensa estava do lado de fora, ansiosa. Era um marco histórico para o projeto — e para eles. — Está tudo pronto — disse Mariana, entregando
A proposta chegou com força total. Uma marca internacional, conhecida por campanhas progressistas e impacto social, queria unir forças com a Axis & Co. Não apenas como parceria comercial. Mas como um símbolo. Como uma bandeira. Simon leu o contrato com atenção, cada cláusula parecia pesar toneladas. Mariana estava ao lado, destacando riscos e oportunidades com a precisão de quem já enfrentou batalhas corporativas. — Eles querem usar a Essência e Liberdade como modelo — disse Mariana, com a voz firme. — Replicar em outros países. Com vocês como rosto. Noah, sentado à frente, permanecia em silêncio. O peso da decisão não era financeiro. Era o peso da exposição. Desde o início, o projeto nasceu como um grito contra o silêncio, mas agora seria um megafone global. — Continuaremos muito expostos. Será que saberemos lidar com isso? — perguntou Noah, quebrando o silêncio. — Como garantimos que não vire vitrine? Simon fechou o documento e respirou fundo. A lembrança dos primeiros dias volt
Último capítulo