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Capítulo Seis - Entre Silêncios e Segredos

Noah Benson

O Simon começou a se afastar. Do nada. E eu não fazia ideia do motivo.

Por meses, a gente tinha criado uma rotina nossa. Um espaço só nosso. Um jeito de lidar com o que ele sentia, com o que o corpo dele exigia. Era íntimo, era estranho, mas era nosso. E funcionava. Não só pra ele. Pra mim também. Não pelo que acontecia, mas pelo que aquilo significava: confiança, cuidado, entrega.

E aí, de repente, ele começou a sumir.

Dizia que estava ocupado, que ia sair com os pais, que precisava estudar. Quando eu perguntava se podia passar lá, ele inventava alguma desculpa. Não era grosseria. Mas era distância. E o silêncio que antes era confortável virou um muro.

Fiquei me perguntando se fiz merda ou se ele estava tentando fugir de algo que nem ele conseguia entender.

Eu sentia falta dele, da sua companhia e dos momentos que, por mais esquisitos que fossem, me faziam bem. E eu sabia que ele também se sentia bem. Só que agora parecia que ele estava tentando apagar tudo.

Na escola, ele estava mais fechado ainda. Evitava olhar nos olhos, evitava qualquer toque, evitava tudo. Usava o mesmo moletom de sempre, mesmo com o sol torrando. E quando eu tentava falar, ele desviava. Como se só minha voz já fosse demais.

Na sexta, resolvi ir até a casa dele sem avisar. Ele tinha dito que ia ficar em casa. Eu sabia que ele estaria lá. Caminhei até o portão com o coração batendo forte, sem saber se estava invadindo ou só tentando salvar o que ainda existia.

A mãe dele me recebeu com aquele sorriso de sempre. Disse que ele estava no quarto, meio indisposto. Subi devagar. Bati na porta duas vezes.

— Entra — ele disse, com a voz fraca.

Simon estava deitado, coberto até o pescoço, pálido, com os olhos fundos. Tentou sorrir quando me viu, mas não rolou.

— Você não devia ter vindo — ele falou.

— Eu precisava — respondi, chegando mais perto. — Você está me evitando, Simon. E eu não entendo por quê.

Ele desviou o olhar, encarando o teto como se fosse fugir por ali.

— Você não fez nada, Noah. O problema sou eu.

Suspirei, tentando não explodir.

— Como assim, cara? A gente estava bem. Estava lidando com isso juntos. Agora você me corta, se esconde. Eu não entendo.

Ele passou a mão no cabelo, nervoso.

— É que... eu comecei a me sentir estranho com tudo. Você não tem ideia de como é depender de alguém assim… pra algo que me deixa com vergonha.

— Mas você confiou em mim, Simon. A gente criou esse espaço, esse vínculo. Eu nunca te julguei.

Ele me olhou. Os olhos dele estavam cheios de lágrimas. Não de tristeza apenas, era de medo também.

— E é por isso mesmo. Porque você foi bom demais. E isso me assusta pra caralho. Eu não sei lidar com isso, Noah. Não sei o que tudo isso significa pra mim.

Fiquei quieto. O coração batendo mais alto que meus pensamentos.

— Então me deixa estar aqui, mesmo que você não saiba ainda. A gente não precisa dar nome pra nada agora. Mas não me deixa do lado de fora.

Simon abaixou a cabeça. E pela primeira vez em dias… não recuou.

A tensão dele me acertou em cheio. Dividíamos o mesmo medo e a confusão que isso causava em nossos sentimentos. Ali eu o medo de sentir algo que não cabia nas regras que a gente aprendeu.

Me sentei na beira da cama, devagar. Sem forçar nada, apenas ficando ali.

— Olha… talvez seja estranho pra quem vê de fora. Mas pra mim, aquilo não era só sobre aliviar sua dor. Você confiou em mim e eu cuidei de você. A gente achou um jeito de estar ali um pro outro, mesmo quando tudo parecia esquisito demais pra explicar.

Ele passou a mão no rosto, como se quisesse apagar o que estava sentindo.

— Eu fiquei com medo, Noah… De como aquilo podia parecer. De como eu mesmo comecei a me sentir com aquilo. Não sabia mais se era só conforto, ou se era mais. E isso me deu medo de te perder.

Me aproximei um pouco, sem tocar.

— Você não vai me perder por ser honesto. A gente cresceu junto. Se conhece desde criança. Se tiver alguma coisa que a gente não entende agora... tudo bem. A gente vai entendendo aos poucos. Mas fugir não vai apagar nada.

Ele me olhou como se eu tivesse dito o que ele não conseguia organizar.

Ficamos ali, quietos. Sem precisar definir nada. Só deixando o silêncio fazer o que sempre fez: segurar a gente.

— Não vejo problema nenhum nisso — falei. — A gente sempre passou tempo junto. Só dividimos parte desse tempo pra cuidar um do outro. E isso é real.

— Eu sei... — ele desviou o olhar. — Mas ultimamente eu estou me sentindo perdido com tudo isso.

— Você não está mais confortável quando eu chupo?

— Não fala assim, Noah… — ele se encolheu. — As palavras... parece outra coisa. Quem escuta pensa que a gente está fazendo algo que não é.

— Está. Então como eu chamo isso? Quando eu tô lá, com você. Quando te alívio. Quando eu cuido de você?

Simon esfregou a nuca, visivelmente tenso.

— Cara, não complica mais a minha cabeça...

— Simon, por que tudo isso agora? — minha voz saiu mais alta do que eu queria. — Depois de tudo o que a gente construiu, por que se afastar assim?

Dei um passo. Ele recuou.

Ele estava encostado na beira da cama. A mão apertava a barra da camisa. O olhar trêmulo.

Então eu parei. E o encarei.

Fiquei ali, no meio do quarto, com o coração na garganta.

— Eu só quero te entender. Mas pra isso, você precisa deixar que eu chegue mais perto.

Ele respirou fundo. E pela primeira vez, me deixou chegar.

Tirou o moletom. A camiseta estava grudada. Vi que os seios estavam inchados. Ele com certeza sentia com dor. E muita vergonha. Mas não recuou.

— Eu posso? — perguntei, quase sussurrando.

— Claro.

Me aproximei. Me sentei de frente pra ele e levei a boca até o peito. Comecei devagar, sugando com calma. Sentindo o gosto, e isso logo fez meu corpo e o dele reagir.

A mão dele veio até minha nuca. Não pra me afastar, mas para me manter ali.

Eu estava duro e percebi que com ele acontecia o mesmo. Mas ninguém falou nada.

E então aconteceu sem que eu pudesse controlar.

Eu gozei, sem sequer me tocar. Só com a boca nele. Com o calor do seu corpo, com o cheiro. Com o jeito que ele me olhava.

Eu acho que aconteceu o mesmo com ele.

Senti o corpo dele tremer. Os olhos se fecharam, sua respiração parou. Ele gozou silencioso. Contido. Sem que eu soubesse. Sem que ele soubesse que eu também dividia com ele o mesmo momento.

Depois ficamos ali, sem dizer nada. Só respirando.

E eu entendi que aquilo não era só cuidado. Havia desejo e isso deixava tudo mais confuso. Mas era algo real.

Mas também assustador.

Não falamos sobre isso. Nem naquela noite e muito menos nos dias seguintes. Mas o silêncio entre nós mudou. Depois daquele dia, tudo ficou muito mais denso.

E pela primeira vez, eu comecei a me perguntar o que isso dizia sobre mim. Sobre ele. Sobre nós.

E eu não queria fugir da pergunta.

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