Capítulo 25 — O Quarto das Sombras
O hotel à beira do porto era um refúgio de luzes baixas e ecos longos. Lá fora, o mar respirava pesado, batendo contra as pedras com um som que lembrava suspiros antigos. Lá dentro, tudo era silêncio e expectativa. Rafael não lembrava de ter subido as escadas, nem de ter entregue a chave ao recepcionista. Lembrava apenas do toque da mão de Helena em seu braço, guiando-o até aquele quarto com janelas voltadas para o oceano.
Helena entrou primeiro.
Deixou o casaco escorregar pelos ombros e cair sobre a poltrona, num gesto simples, mas preciso, como se até despir-se de algo cotidiano fizesse parte de uma coreografia invisível. O vestido creme abraçava-lhe as curvas como uma segunda pele, e o rubi em seu peito captava a luz do abajur, projetando reflexos vermelhos nas paredes — como se o quarto respirasse junto com ela.
Rafael ficou imóvel na porta. O coração dele batia alto demais, como se quisesse se anunciar antes da hora.
— Você ainda tem es