O ar na loja de departamento era perfumado e luxuoso, como tudo naquele shopping sofisticado no coração de Manhattan, mas para Sophia, o aroma parecia azedo. Como se o mundo tivesse perdido a doçura.
O silêncio entre ela e Antonella era uma presença viva, latejante. Uma pausa densa que parecia gritar o que ainda não havia sido dito. A mão de Sophia apertava o celular com tanta força que os nós dos dedos estavam brancos. O olhar preso ao da cunhada, como quem busca uma verdade que já sabe, mas teme confirmar.
Sua voz, quando finalmente rompeu o silêncio, veio baixa, tensa, cortante como uma navalha:
— Antonella… quem é Marie?
A pergunta não era simples. Era uma sentença. E caiu sobre o chão como uma pedra arrancada do fundo de um poço, profunda, densa, impossível de ignorar.
O rosto de Antonella empalideceu. Seu olhar fugiu por um segundo, como se quisesse esconder a resposta nas vitrines ao redor, nas etiquetas de preço, nos manequins sorridentes. Mas não havia escapatória.
— Sophia…