O silêncio da casa parecia diferente naquela noite. Era denso, espesso, como se tivesse peso próprio. Giovanni estava ali, parado no centro da sala de estar de Blanca, sem se mover. O sobretudo escuro absorvia a pouca luz do ambiente, e seus olhos, normalmente afiados e frios, estavam vazios, fixos em um ponto perdido da parede. As mãos permaneciam enterradas nos bolsos. Mas era dentro do peito que o verdadeiro colapso acontecia.
Os segundos se estendiam como horas, até que os passos ecoaram no corredor. Passos decididos e furiosos.
Blanca entrou na sala como um furacão contido por tempo demais. Seus olhos estavam carregados. Os lábios pressionados em uma linha dura. A tensão era visível até nos dedos, que se curvavam e descruzavam, ansiosos por uma explosão.
— O que você está fazendo aqui? — perguntou, firme. A voz soou seca, precisa, sem margem para rodeios. — Você não tem o direito de vir aqui, Giovanni. Não depois de como deixou a minha filha. Não depois de tudo o que ela passou