Apesar do desconforto que queimava em suas entranhas, era como se cada célula do seu corpo estivesse se rebelando contra a realidade, Marie ainda conseguia reparar nos detalhes e isso a torturava mais do que qualquer grito.
A aliança de ouro branco brilhando discretamente no anelar da mão esquerda dele, como um selo de pertencimento. Não era um anel qualquer, era simples, mas carregava a sofisticação de alguém que escolhe até o amor com precisão cirúrgica. Ele usava aquela aliança com naturalidade, como se sempre tivesse pertencido àquela vida. E isso a feria. Porque por tantos meses ele entrava no Black Room com os dedos nus, prontos para apertá-la, moldá-la, puni-la e nunca houve uma aliança ali. Nunca uma promessa. Nunca uma dúvida de que, naquele espaço fechado, ele era só dela.