A rotina no Café Aurora se estabelecia com graça. O aroma de café fresco preenchia o ambiente todas as manhãs, e risadas suaves se misturavam às páginas viradas dos livros. Laura agora despertava com leveza no peito, como se, enfim, pudesse respirar com plenitude. O amor com Apollo crescia em gestos simples — bilhetes deixados no balcão, olhares cúmplices no meio da multidão, abraços inesperados no fim do dia.
Mas nem todo amor floresce sem que sombras tentem sufocar suas raízes.
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Naquela terça-feira nublada, Laura organizava a nova estante de livros quando notou algo estranho. Um envelope pardo, sem remetente, repousava sobre o balcão, entre duas xícaras de porcelana.
— Apollo, você deixou isso aqui? — perguntou, levantando o envelope.
— Não... o que é?
Laura abriu o envelope devagar. Dentro havia uma única folha de papel, com letras recortadas de revistas:
“Nem tudo que parece perfeito dura pra sempre.”
Um arrepio percorreu sua espinha. Apollo pegou o bilhete e analisou com cuidad