Os dias se alongaram como sombras, e o tempo, antes dividido em plantões e cirurgias, agora era marcado pelos horários da medicação, pelas visitas permitidas, pelas batidas intermitentes dos aparelhos monitorando o corpo de Helena.
Rafael já não sabia mais qual dia da semana era. A luz do sol entrava pela janela do quarto como um intruso indiferente. Ele só sabia que Helena ainda dormia.E que cada segundo sem ela era um tormento.Ele não atendia ligações. Não respondia mensagens. Os colegas do hospital tentavam continuar a rotina, mas todos sentiam o buraco que a ausência de Rafael e Helena deixava. Clara passava todos os dias para tentar convencê-lo a comer, a dormir algumas horas. Às vezes ele aceitava. Na maioria das vezes, não.Na terceira noite, Rafael viu algo.O dedo mínimo da mão direita dela se moveu.Foi como um raio atravessando seu peito. Ele gritou por uma enfermeira, médicos correram, fizeram exames. O movimento nã