Era uma manhã clara, e o hospital começava a vibrar com o vai e vem apressado dos corredores. Rafael voltava de uma cirurgia quando Clara se aproximou com um olhar grave, segurando uma prancheta.
— “Chegou um novo caso. Uma jovem, 19 anos. Parada cardíaca após um desmaio em casa. Conseguiram reanimá-la, mas... o coração dela está falhando rápido demais. Estamos tentando estabilizar.”Rafael sentiu um frio na espinha. Casos cardíacos sempre mexiam com ele, mas havia algo no tom de Clara que o fez desviar imediatamente para a UTI.A paciente, Ana Beatriz, era uma bailarina. O rosto ainda carregava traços delicados de maquiagem de ensaio. Helena, que fazia uma visita de acompanhamento, parou ao lado da maca e viu os dedos da garota ainda sujos de pó de giz, como se estivesse ensaiando instantes antes de tudo apagar.— “Ela sonhava com uma audição internacional... amanhã,” murmurou a mãe da jovem, os olhos vermelhos de tanto chorar. “Sempre foi tão ch