O sol filtrava-se pelas persianas do quarto, banhando Helena em uma luz dourada suave. Ela piscou lentamente, os músculos do corpo ainda pesados, como se cada movimento exigisse um esforço descomunal. Rafael estava ao seu lado, segurando uma xícara de café frio, os olhos atentos a cada respiração dela.
— “Bom dia, dorminhoca,” — ele disse com um sorriso suave.— “Bom dia...” — ela respondeu, mas sua voz parecia carregada. Não apenas de sono, mas de algo mais fundo: de peso.A fisioterapeuta chegou pouco depois, e com delicadeza explicou os próximos passos. Helena teria que reaprender a andar com firmeza, fortalecer os músculos enfraquecidos pela imobilidade. Mas era mais que isso — ela teria que enfrentar os próprios medos. O trauma.Nos primeiros dias, Rafael a ajudava a se sentar, a levantar com apoio. Cada avanço era celebrado com um beijo. Mas a cada falha, Helena sentia o coração apertar.— “Você não precisa ter pressa,” ele dizia.—