Clara observava tudo.
Os olhares furtivos.
As palavras não ditas.
A tensão que parecia um fio prestes a arrebentar a qualquer segundo.
E, sinceramente, já estava farta daquilo.
Helena e Rafael eram dois teimosos, dois profissionais impecáveis — mas emocionalmente desastrosos. E Clara estava cansada de ver os dois sofrerem por algo tão evidente.
Ela esperou o momento certo. Um fim de turno, quase noite. O hospital começava a silenciar após o caos do dia.
— Helena, Rafael — ela chamou, surgindo no corredor com a expressão inocente de quem não tramava nada. — Preciso da ajuda de vocês dois pra organizar os estoques da sala de equipamentos. É rápido. Tem coisa demais fora do lugar.
Helena trocou um olhar rápido com Rafael, hesitante. Ele apenas deu de ombros.
— Vamos logo com isso — murmurou.
Os dois a seguiram sem desconfiar.
Assim que entraram na sala, Clara apontou para umas caixas no canto.
— Comecem por ali. Vou buscar os formulários no armário do corredor — disse ela, já saindo.
Mas