Levanto os olhos até ela, sentindo a garganta apertada. O silêncio que se instala carrega mais dor do que qualquer grito.
— Eles trocam os nomes das garotas. — explico. — Cada uma de nós, ao chegar naquele lugar, recebe um novo nome. As que ainda se lembram do próprio nome… são proibidas de usá-lo.
Eles têm medo de que, se formos vendidas, contemos qualquer informação. Então… o passado é arrancado de nós assim que cruzamos as portas.
O vento do jardim sopra suave, mexendo as folhas sobre a mesa e os cabelos soltos das mulheres à minha frente. Mas em mim, tudo permanece parado… congelado.
— A data de nascimento é substituída pelo dia em que chegamos lá. Todos os anos, naquele mesmo dia, era anunciado pelos responsáveis… como um lembrete: “você está ficando mais velha”. O cabelo… era raspado. Como se pudessem apagar tudo. E às vezes, conseguiam.
Engulo em seco, sentindo o gosto metálico da memória amarga.
— Muitas esquecem de onde vieram… porque chegaram cedo demais. Outras apenas aceit