Há um silêncio constrangedor entre nós, mas, para ser honesta, eu o prefiro assim.
O silêncio não exige explicações.
Não pede sorrisos forçados.
Não invade.
Me concentro no pão entre meus dedos e na sopa quente em meu prato. A cada colherada, espero que o calor me traga algum conforto, que aquiete o turbilhão na minha cabeça.
Quem sabe, depois disso, eu consiga dormir. Só um pouco. Só o suficiente para escapar, nem que seja por instantes.
Minha mente ainda é um campo minado.
Tudo está fora de ordem, memórias, sensações, medos antigos que voltam a se enroscar nos meus pensamentos.
Tento manter a normalidade, tento parecer no controle, mas sei... sei que é só uma questão de tempo até a próxima crise me derrubar.
Ansiedade.
Choro.
Desespero.
Eles vêm sem avisar, como uma onda que engole tudo.
Dessa vez, porém, não terei Mika.
Não haverá ninguém para sentar ao meu lado e segurar minha mão no escuro.
Serei eu... por mim mesma.
O tilintar da colher contra o prato ecoa pela cozinha va