— Eu pressinto que matar Sakamoto não vai nos garantir dias de paz — diz meu pai, enquanto bebe um gole do café, que, a essa altura, já perdeu o gosto para mim.
— Vamos esperar para ver — respiro fundo, engolindo em seco. Entendi que a espera será incerta, mas não temos outra escolha.
Estamos no meu escritório, em uma manhã cinzenta e úmida em Chicago.
Do lado de fora, a cidade acorda devagar, envolta por uma névoa leve que dança sobre os jardins molhados e se arrasta entre as casas silenciosas do condomínio, como se o tempo tivesse diminuído o ritmo só por hoje.
Ao meu lado, Alexander mantém-se em silêncio, com a postura ereta e os olhos penetrantes fixos nas anotações espalhadas sobre a mesa.
São os documentos que Long me entregou, e nos dias em que estive preso naquele porão, tive o cuidado de fotografar e copiar tudo o que pude.
As folhas impressas, algumas com rabiscos e anotações feitas à mão, pareciam comuns para qualquer um, mas para Alexander carregavam informações valiosas.