Sem surpresas, Bruno entrou no meu apartamento tão facilmente quanto se fosse a própria casa.
Ele acendeu a luz e, a alguns metros de distância, nos encaramos. Ele até me perguntou:
— Você não vai entrar?
Entrar?
Entrar para quê? Ficar sozinha com ele em um cômodo?
Eu me sentia como se estivesse sonhando. Olhei para ele e murmurei:
— Ex-marido...
Meu ex-marido, na minha casa?
Isso era surreal, não importava como se olhasse.
— Como você me chamou?
Ele aumentou o tom, e seus olhos profundos revelaram um frio cortante que me fez tremer sem que eu percebesse.
— Ex-marido... — Falei suavemente. — Vou apagar sua digital. Da próxima vez, não venha mais aqui.
Bruno mastigou mentalmente a palavra "ex-marido", em silêncio, sem me responder.
A luz automática do corredor acendeu e apagou. Eu estava parada na porta, sem saber se entrava ou saía.
Minha mão segurava a maçaneta com tanta força que as juntas dos dedos estavam brancas.
— Já está na hora de você ir embora. Vamos seguir em