(Narrado por Amber Moore)

O hospital nunca dorme.

Mas naquela manhã, o silêncio entre as paredes parecia diferente — denso, como se o ar também sentisse o peso das verdades que haviam vindo à tona.

Desde a briga de Henry e Jennifer, eu não consegui olhar para ele da mesma forma.

Vi nos olhos dele algo que misturava dor e decisão, e aquilo me assustava.

Ele sempre foi o tipo de homem que pensa antes de agir, que pesa cada palavra, cada gesto. Mas agora, havia algo nele que ultrapassava a lógica — algo puro, bruto, como o instinto de um pai disposto a atravessar o inferno pela filha.

Eu tentei me afastar.

Tentei convencê-lo de que era melhor assim, que o tempo resolveria, que os médicos encontrariam outro doador.

Mas dentro de mim, eu sabia que estava mentindo.

Alyce estava piorando. E o tempo não era nosso aliado.

Jennifer me procurou no fim da tarde.

Eu estava sentada no corredor, com uma xícara de café frio entre as mãos, observando pela janela a chuva escorrendo pelos vidros.

Ela se