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Capítulo 89, Senti que posso respirar sem medo.

Eduardo

Quando abri a porta de casa com Lua apoiada em meu braço, o silêncio do lar me pareceu mais sagrado que qualquer oração. Havia algo no ar — um cheiro de madeira antiga misturado ao perfume dela — que me fez sentir que, finalmente, o mundo havia voltado ao eixo. A casa parecia a mesma, mas eu não era mais o mesmo homem.

O chão da sala refletia a luz pálida da manhã, e Lua respirava devagar, como quem aprende de novo a existir fora das paredes de um hospital. Sol correu à nossa frente, descalça, com um desenho nas mãos e um grito de alegria que encheu todos os cômodos.

— Mamãe, olha! O sol tá dento da casa agola! — ela disse, abrindo os braços, girando até ficar tonta.

Lua riu — um riso fraco, mas vivo. Apoiei a mão em suas costas e senti o tremor leve de quem ainda luta contra o medo. Era o corpo dela reaprendendo a confiar na paz.

Deixei nossas malas no canto, e quando fechei a porta, olhei pra Lua e disse baixinho:

— Chegamos, amor. Acabou.

Ela me olhou com aquele olhar que
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