Capítulo 88 Sob um novo amanhecer.
Lua
A primeira coisa que sinto é o cheiro.
Aquele perfume de hospital — misto de álcool em gel, lisoforme e esperança. É estranho como, depois de tanto caos, o silêncio de um quarto branco pode parecer mais assustador do que o barulho de uma explosão.
Abro os olhos devagar. A luz me fere, mas logo reconheço o contorno do teto, o som dos monitores, o calor de uma mão apertando a minha.
Eduardo.
Ele está ali, sentado ao lado da cama, com a cabeça apoiada nos dedos, o rosto cansado, o olhar perdido em algum ponto que só o amor sabe alcançar.
Quando percebe que me mexo, ele ergue os olhos — e o mundo inteiro parece respirar outra vez.
— Lua... — a voz dele é quase um sussurro — meu Deus... você tá acordada.
Um nó se forma na minha garganta. Tento falar, mas a voz não sai. Só consigo erguer a mão e tocar o rosto dele. Ele a segura como se temesse que eu sumisse se ele soltasse.
Os olhos dele estão marejados, mas há um sorriso tímido escondido ali.
— Tá tudo bem... você tá segura agora, —