Capítulo 46, Plano de vingança perverso.
(Thiago)
Nasci em silêncio e morte. Enquanto outros chegam ao mundo embalados pelo choro e pelo calor da mãe, eu fui recebido pelo vazio. Minha mãe morreu ao me dar à luz, e esse foi meu primeiro ato no mundo: roubar uma vida antes mesmo de saber respirar sozinho. Nunca vi o rosto dela além de retratos amarelados que Helena guardava com pena. Diziam que era linda, doce, de coração generoso. Para mim, não passou de um fantasma, um nome murmurando pelos corredores da casa.
Meu pai? Nunca soube quem era. Nem Augusto, nem Helena ousavam falar. Sempre desviavam o olhar quando perguntava, sempre disfarçavam com abraços falsos ou presentes caros. Mas não havia presente que preenchesse a ferida de não pertencer a lugar algum. Cresci com a marca de bastardo impressa na pele. Tinha teto, comida, roupas de primeira, mas não tinha raiz. Enquanto Eduardo era o herdeiro legítimo, o sol da família, eu era apenas o menino que lembrava a todos de uma tragédia.
E como doeu. Eduardo não precisava se esf