Capítulo 38, Revelação bombástica.
(Eduardo)
Às vezes penso que viver não passa de uma tortura lenta, calculada, meticulosa.
Cinco anos já se passaram desde o acidente. Cinco longos anos. Mas ainda existem dias em que parece que tudo aconteceu ontem — o som metálico do impacto, o cheiro de fumaça, o silêncio mortal que veio depois. E a cada vez que minha mente insiste em reviver o corpo de Beatriz sem vida, e a lembrança da filha que nunca conheci, sinto como se uma mão invisível esmagasse meu peito até eu perder o ar.
Achei que já tivesse aprendido a conviver com isso, como quem aprende a conviver com uma ferida que nunca cicatriza. Mas então veio Lua.
Essa mulher conseguiu atravessar minhas defesas de um jeito que ninguém antes ousou. Eu a empurro para longe, e ela insiste em voltar. Eu tento ser frio, mas ela me aquece. E, contra toda a lógica, contra o medo que me domina, começo a desejar o impossível: ser um homem inteiro para ela. Não apenas o bilionário aleijado, preso a uma cadeira, mas alguém capaz de fazê-la