CAPÍTULO 134 — Visão de Henry

Eu nunca fui bom em admitir cansaço.

Passei a vida inteira sendo o homem que resolve, que segura, que aguenta. O médico que entra na sala com o diagnóstico difícil e não treme. Agora sou o pai que promete proteção mesmo quando não tem certeza de nada.

Mas naquela madrugada, sentado sozinho na cozinha, com a casa em silêncio e uma xícara de café já frio entre as mãos, eu entendi que existia um tipo de cansaço que não se vence com força.

Era o cansaço da alma.

Amber dormia no quarto. Alyce também. Duas sobreviventes. Duas guerreiras. Duas pessoas que dependiam de mim mais do que eu jamais dependi de alguém.

E Victor…

Victor estava a quilômetros dali, lutando por cada grama, cada respiração, cada dia estava vivendo um dia de cada vez.

Minha vida tinha se dividido em turnos invisíveis: casa, hospital, UTI neonatal, casa de novo. Um ciclo que não acabava nunca.

Eu me levantei devagar e fui até o quarto da Alyce antes de sair. Sempre fazia isso. Sempre conferi