— Visão de Lua

Quando Henry me ligou para contar sobre o coração do Victor, eu precisei sentar.

Literalmente.

O mundo ficou pesado demais para continuar de pé.

— Estenose valvar moderada… — ele disse, com aquela voz controlada que só aparece quando ele está tentando não desmoronar. — Vai precisar de cirurgia.

Eu fechei os olhos.

Não porque eu não quisesse ouvir. Mas porque eu já sabia o que aquela frase significava.

Conheço hospitais. Conheço diagnósticos. Conheço o silêncio que vem antes das decisões difíceis.

E conheço Amber.

— Ela está… como? — perguntei, com cuidado.

— Forte. Pelo menos por fora.

Isso me doeu mais do que qualquer detalhe técnico.

Porque eu sabia que Amber estava segurando o mundo com o mesmo corpo que quase não aguentou sobreviver à gravidez. E agora precisava ser mãe de novo… de um bebê que já nascia lutando.

Desliguei o telefone e fiquei alguns minutos parada, olhando para Sol brincar no chão da sala enquanto Ester dormia no carrinho.

A vida seguia. Mas com um f